PORTO TRISTE É DE MENOS!

Pobres de nós, porto-alegrenses! A nossa “mui leal e valerosa” metrópole agoniza. Padece e se desestrutura a olhos vistos. Mesmo no eixo Moinhos de Vento/Bela Vista, sempre referenciado como top em termos de qualidade de vida e nível de renda, a degradação é humilhante.
Sob o mantra do caos orçamentário e financeiro e dos óbices da burocracia pública, os inquilinos do Paço dos Açorianos e das cercanias da Praça da Matriz se lamuriam e pouco fazem no que diz respeito à acessibilidade, limpeza, iluminação, segurança, entre outros pontos críticos.
Por outro lado, os nobres edis, representantes do povo, se omitem na cobrança e no auxílio na busca de reverter o quadro de horror que atordoa os seus conterrâneos.
Horror, preocupação e sobressaltos que assomam em cada esquina, viela, beco, ruas ou avenida dos mais de 80 bairros da metrópole gaúcha.
Prestes a completar 246 anos de fundação, a capital da República Farroupilha, morada de cerca de 756 mil mulheres e 654 mil homens, nos mais de 574 mil domicílios oficiais, vê proliferar a população de pessoas “em situação de rua” – preciosismo para falar dos “homeless”: na rua por drogadição, criminalidade, miséria plena ou doença mental.
A população citadina também tem sua parcela de culpa na verdadeira deterioração pública da cidade, pela falta de educação, pelo comportamento criminoso e irresponsável dos que sujam, picham, emporcalham a cidade e colocam em risco o bem-estar, a tranquilidade e a vida dos cidadãos.
É doloroso ver locais nobres e referências históricas como o Viaduto Otávio Rocha e a Praça Marechal Deodoro transformados em favelas e “cracolândias” imundas e fedorentas.
É lamentável ver as margens do arroio Dilúvio serem ocupados como moradia precária de dezenas de jovens, velhos e crianças que fazem suas necessidades a céu aberto e jogam dejetos e porcarias no regato que deságua no Lago Guaíba, de onde também sai a água bebida pelos porto-alegrenses.
É deplorável ver avenidas como a Farrapos, Assis Brasil e Bento Gonçalves e adjacências se degradarem a passos rápidos, escancarando cada vez mais a porta do crime, do meretrício e da insegurança.
Faltam recursos, mas falta educação, tirocínio e consciência pública. Faltam providências dos gestores públicos, sejam eles estaduais, como na questão da segurança pública, ou municipais, nos assuntos relativos à limpeza urbana, à iluminação pública, à identificação dos logradouros, à buraqueira existente em quase todas as vias públicas.

Mas, acima de tudo, padece muito a capital gaúcha daquelas condições estruturais que durante décadas a mantiveram como de uma das melhores capitais em termos de qualidade de vida do país. O morador desta hoje Porto Triste acorda todo o dia acabrunhado, amedrontado, louco para estar em outro lugar que não aqui. Até quando? (Vilson Antonio Romero)

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