POLITICAMENTE ANALFABETOS

O Tribunal Superior Eleitoral já revela que somos mais de 130 milhões de cidadãos aptos a votar no primeiro turno de 2010. Destes, cerca de 12 milhões são eleitores facultativos, por terem mais de 70 anos, ou serem declaradamente analfabetos ou cuja idade está entre 16 e 18 anos. Os demais estão obrigados a exercer seu voto, sob pena de multa ou justificativa documentada.
As opções de sufrágio são as mais variadas possíveis, dezenas de milhares de candidatos a deputados estaduais, distritais, federais, senadores, prefeitos, governadores e presidentes da República. A sopa de letras das siglas partidárias alcança quase três dezenas, tantas são.
Mas o que mais preocupa é a constatação de que somos desmemoriados e, lamentavelmente, quase analfabetos politicamente. Mas da metade dos eleitores não recorda em quem votou nas últimas eleições. Quase dois terços destes cidadãos não sabem o que fazem os seus políticos, qual o foco e os limites de sua atuação, sejam eles senadores, deputados, governadores ou presidente.
Isto nos remete ao dramaturgo e poeta alemão Eugen Berthold Friedrich Brecht (1898-1956) que proclamava em seus escritos que “o pior analfabeto é o analfabeto político”. Nesta época que antecede o embate eleitoral de outubro, cabe uma reflexão acerca disto.
Em eleições anteriores, o Laboratório de Observação Social (Labors), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, já havia detetctado em uma pesquisa que apesar de 51% das pessoas consultadas declararem que exerceriam seu direito de voto, em caso de ser eliminada a obrigatoriedade, a maioria, 57,7%, afirmou não se interessar ou se interessar muito pouco por política.
Como lembrava Brecht: “Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas”.
Havia inclusive uma resposta estarrecedora ao questionário do Labors sobre regime de governo: 22,7% afirmaram que “às vezes, uma ditadura é melhor que uma democracia” e outros 6,6% disseram que “tanto faz uma democracia ou uma ditadura”.
Os próprios atores do cenário político têm de ser os primeiros a mobilizar a população para se politizar. A focar suas plataformas em honestidade, transparência e credibilidade, impedindo prosperar a figura criada pelo dramaturgo alemão: “O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política”...
(Vilson Antonio Romero)

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