DÉFICITS DE INFORMAÇÃO
No Caribe, há a temporada dos furacões entre agosto e novembro. Na Europa, a temporada da neve se inicia em dezembro ou janeiro. No Brasil, afora as intempéries climáticas regionais, há, ironicamente, a temporada dos déficits. O governo federal, como em todos os últimos inícios de ano, solta aos quatro ventos, números e mais números sobre os déficits orçamentários.
Sempre com o objetivo de criar alarme e acima de tudo pavimentar o caminho para mudanças restritivas de direitos e vantagens de trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público, a União alardeia desequilíbrio nas contas das aposentadorias dos trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público.
O déficit da previdência social dos servidores públicos, o chamado Regime Próprio da União, atingiu R$ 56 bilhões em 2011, segundo autoridades federais. Para 2012, a expectativa é de que o “rombo” ultrapasse os R$ 60 bilhões.
Já o déficit das contas do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), somou R$ 36,5 bilhões em 2011, o que representou uma queda de 22,3% ante 2010, quando o saldo foi negativo de R$ 47 bilhões (corrigidos pelo INPC). Para autoridades do setor, foi o melhor resultado desde 2010, quando o déficit somou R$ 30 bilhões. A arrecadação previdenciária atingiu R$ 251,2 bilhões e pagou R$ 287,7 bilhões em benefícios no ano passado.
O ministro da Previdência avalia que com estes dados aumenta a expectativa de que, até março, o fundo de previdência complementar, previsto no Projeto de Lei n°. 1992/2007 que atingirá os novos servidores públicos, seja aprovado. O efeito nas contas públicas, no entanto, somente começará a aparecer depois de 10 anos.
Ao mesmo tempo, a partir da divulgação do outro déficit, o do INSS, o ministro Garibaldi Alves Filho defende que o governo estabeleça uma idade mínima para aposentadoria. Segundo ele, a idade média de aposentadoria dos brasileiros é de 51 anos, no caso das mulheres, e 54 anos, no caso dos homens. Embora tenha feito críticas ao fator previdenciário, em sua opinião, "muito cruel", o ministro disse que ele não pode ser simplesmente eliminado, mas substituído por alguma outra regra, como a idade mínima.
O que ninguém lembra nunca, nem o governo revela, é que, no que diz respeito aos servidores públicos, estão sendo computados pagamentos de aposentadorias e pensões da época em que estes benefícios integravam o pacto laboral, embora já houvesse contribuição. A partir da Emenda Constitucional n°. 3, de 1993, todos os servidores descontam para sua aposentadoria. E desde 2004 todos os servidores que tenham ingressado a partir de então no setor público não têm mais aposentadoria integral.
No INSS, não se fala nem se divulga que o Regime Geral está inserido num grupo maior chamado de Orçamento da Seguridade Social, extremamente superavitário, com sobras estimadas em mais de R$ 100 bilhões nos últimos cinco anos e que há um elevado montante de renúncias fiscais que comprometem as contas da previdência.
Estes e outros dados não são divulgados, pois com isto o Planalto reforça a idéia de déficits, quando na realidade não existem déficits previdenciários e sim déficits de informação. (Vilson Romero)
Sempre com o objetivo de criar alarme e acima de tudo pavimentar o caminho para mudanças restritivas de direitos e vantagens de trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público, a União alardeia desequilíbrio nas contas das aposentadorias dos trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público.
O déficit da previdência social dos servidores públicos, o chamado Regime Próprio da União, atingiu R$ 56 bilhões em 2011, segundo autoridades federais. Para 2012, a expectativa é de que o “rombo” ultrapasse os R$ 60 bilhões.
Já o déficit das contas do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), somou R$ 36,5 bilhões em 2011, o que representou uma queda de 22,3% ante 2010, quando o saldo foi negativo de R$ 47 bilhões (corrigidos pelo INPC). Para autoridades do setor, foi o melhor resultado desde 2010, quando o déficit somou R$ 30 bilhões. A arrecadação previdenciária atingiu R$ 251,2 bilhões e pagou R$ 287,7 bilhões em benefícios no ano passado.
O ministro da Previdência avalia que com estes dados aumenta a expectativa de que, até março, o fundo de previdência complementar, previsto no Projeto de Lei n°. 1992/2007 que atingirá os novos servidores públicos, seja aprovado. O efeito nas contas públicas, no entanto, somente começará a aparecer depois de 10 anos.
Ao mesmo tempo, a partir da divulgação do outro déficit, o do INSS, o ministro Garibaldi Alves Filho defende que o governo estabeleça uma idade mínima para aposentadoria. Segundo ele, a idade média de aposentadoria dos brasileiros é de 51 anos, no caso das mulheres, e 54 anos, no caso dos homens. Embora tenha feito críticas ao fator previdenciário, em sua opinião, "muito cruel", o ministro disse que ele não pode ser simplesmente eliminado, mas substituído por alguma outra regra, como a idade mínima.
O que ninguém lembra nunca, nem o governo revela, é que, no que diz respeito aos servidores públicos, estão sendo computados pagamentos de aposentadorias e pensões da época em que estes benefícios integravam o pacto laboral, embora já houvesse contribuição. A partir da Emenda Constitucional n°. 3, de 1993, todos os servidores descontam para sua aposentadoria. E desde 2004 todos os servidores que tenham ingressado a partir de então no setor público não têm mais aposentadoria integral.
No INSS, não se fala nem se divulga que o Regime Geral está inserido num grupo maior chamado de Orçamento da Seguridade Social, extremamente superavitário, com sobras estimadas em mais de R$ 100 bilhões nos últimos cinco anos e que há um elevado montante de renúncias fiscais que comprometem as contas da previdência.
Estes e outros dados não são divulgados, pois com isto o Planalto reforça a idéia de déficits, quando na realidade não existem déficits previdenciários e sim déficits de informação. (Vilson Romero)
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