CAMELÓDROMO A CÉU ABERTO

Alguns analistas econômicos já denominaram a atual era como “asiocêntrica” ou “asiaticocêntrica”. Com raras exceções, as nações da Ásia, em especial a China massificam o fornecimento de produtos industriais a preços sem concorrência, tirando proveito do baixíssimo custo de sua mão-de-obra.
Como efeito imediato, no Brasil a indústria de transformação tem perdido espaço na sua fatia do Produto Interno Bruto (PIB) de forma acelerada. Em 1985, o setor econômico representava 27% do PIB, em 2011 deve ter chegado a menos de 16% e mantida a atual situação, chegaremos ao fim de 2012 com menos de 15%.
Na mesma linha de análise, em 2006, a indústria teve superávit da balança comercial de US$ 6 bilhões. Em 2011, teve déficit de US$ 93 bilhões. E neste ano o déficit pode chegar a US$ 120 bilhões, o que significa perda de empregos.
A Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) denuncia que mais de 164 mil empregos foram gerados fora do país como consequência do incremento das importações
A Federação das Indústrias do RS (Fiergs) defende a criação de salvaguardas contra as importações oriundas de países que, segundo ele, praticam “dumping social e cambial”. O Brasil está se transformando em uma feira livre de importados, dizem os dirigentes empresariais.
Numa outra análise, o economista americano e brasilianista Albert Fishlow afirma que a indústria brasileira terá que se redirecionar, já que alguns segmentos deixarão de existir. Ele exemplifica com os EUA, onde quase desapareceram por completo as indústrias têxtil e de aço. O analista ressaltou a importância da globalização e, com isso, do comércio exterior. E que as mudanças na estrutura econômica das nações são inevitáveis.
O cenário é tão preocupante que conseguiu unir trabalhadores e empresários em uma série de manifestações pais afora contra a desindustrialização.
Na avaliação de sindicalistas, o Brasil segue gerando empregos nos serviços e comércio, mas não na indústria, que tradicionalmente criava os melhores e mais remunerados postos de trabalho.
Inúmeras alternativas têm sido propostas para reverter o circulo vicioso onde as fábricas passaram a ser montadoras. Em manifesto que conclama para a mobilização, as entidades afirmam que a as empresas industriais “importam máquinas e componentes de nações onde a mão-de-obra é quase escrava. Assim, deixam de contratar trabalhadores especializados e de pagar altos salários. Essa transformação cria, cada vez mais, empregos nos países fornecedores e para o mercado consumidor não houve o benefício da queda geral nos preços”.
A mobilização conjunta exige medidas governamentais como o corte imediato da taxa de juros, a diminuição do Custo Brasil (carga tributária sobre a produção e consumo) e a desvalorização do câmbio.
Só a partir destas providências, assim será possível enfrentar, com competitividade, a invasão dos produtos vindos da China. E o Brasil deixar de ser o camelódromo a céu aberto no qual está se transformando.

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