DEVEMOS, NÃO NEGAMOS
As nações mais ricas do planeta estão atoladas em dívidas.
Os EUA deviam 106,6% do seu Produto Interno Bruto (PIB) de mais de US$ 15
trilhões no final de 2011. Desde 2005, o crescimento deste passivo assumiu
proporções expressivas. Na época, a dívida pública bruta norte-americana não
passava de 67% do seu PIB.
Já maior dívida pública do mundo industrializado com relação
ao PIB vem da Ásia. No Japão, de um PIB quase atingindo os US$ 6 trilhões, em
junho foi alcançado novo patamar. A nação japonesa devia 976,2 trilhões de
ienes (US$ 12,3 trilhões).
A agência Fitch Ratings - de classificação de riscos –
estima que o endividamento da terceira maior economia do mundo chegará a 239%
do seu PIB no final de 2012.
Entre as tops do ranking, parece que a tranqüilidade está no
gigante chinês, cuja dívida total gira em torno de 18% do total de riquezas
produzidas na segunda maior economia do planeta.
Na União Européia, a dívida pública bruta dos 27
países-membros passou de 63% do PIB dos mesmos em 2005 para 84,5% dos PIB no
ano passado.
Desde 2005, o grupo econômico denominado Brics (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul), apesar das turbulências internacionais,
conseguiu manter seu endividamento sob controle.
Mesmo assim, a dívida total brasileira que, em 2002, era de
R$ 851 bilhões, deve fechar 2012 em cerca de R$ 2,05 trilhões.
Isto significa dizer que cada brasileirinho que nascer, no
limiar do próximo ano, já chega ao mundo devendo mais de R$ 10,5 mil, na sua
cota da dívida pública nacional.
Isto também depende em que estado o brasileiro nasce. A
dívida total dos 25 estados brasileiros que negociaram com a União no final dos
anos 90 soma R$ 420 bilhões, com tendência crescente. Mineiros e paulistas
devem bem mais que as demais Unidades da Federação. Há inclusive um movimento
forte pela renegociação destes passivos e rediscussão do pacto federativo.
Afora o rateio da dívida pública nacional, há um outro
fantasma no ar: o da dívida privada. Cerca de 35 milhões de pessoas tiveram
acesso ao crédito pela primeira vez nos últimos cinco anos. E quase um terço
dos brasileiros já tem algum empréstimo de pelo menos R$ 1 mil em bancos,
financeiras ou no cartão de crédito. O total dos “papagaios” já supera o
montante de R$ 1 trilhão.
A maioria (31,2 milhões de brasileiros) deve pelo menos R$ 5
mil. As principais contas, pela ordem, são cartão de crédito (72,6%),
financiamento de carro (23,4%), carnês (14,5%), financiamento de casa (10,7%) e
crédito pessoal (9,8%). Tudo isto também como resultante do incentivo oficial
ao endividamento, como impulsionador do consumo, e por conseqüência, dos níveis
de produção de bens e serviços. Tudo para escapar da “marola” de problemas no
mercado internacional que agora já virou crise preocupante.
Porém, analistas de mercado alertam para a inadimplência que
permanece próxima a 8%.
No estado de S.Paulo, 51,5% das famílias possuíam algum tipo
de dívida em setembro, sendo que 12,8% do total estão inadimplentes. Pode ser
pouco, mas a insolvência pode aumentar. E a “bolha” pode explodir.
Não é hora de tranqüilidade, pois continentes, países,
cidadãos, devemos todos. Não negamos, mas...
(Vilson Romero)
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