BRASIL "PADRÃO" FIFA
"Os cartazes de cartolina e as faixas e banners que encheram
as ruas do país, de norte a sul, neste início de inverno pediam escolas,
hospitais, transporte público e segurança no chamado “padrão Fifa”, ou seja,
com alto nível de qualidade.
Por mais que algumas causas pontuais, como a derrubada da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n°. 37, tenham também encontrado apoio
popular, o estopim das reivindicações foi o transporte público.
Em especial, a partir de Porto Alegre, onde, em junho foi
decretado o aumento da passagem para R$ 3,05 e agora, depois do alarido e dos
protestos em praça pública, conseguiram reduzir para valor inferior (R$ 2,80)
ao que era antes (R$ 2,85).
Mas as principais bandeiras na direção de um país “padrão
Fifa”, tendo por base a melhoria da educação e da saúde pública, necessitam ser
reivindicadas por mais gente, pela sociedade em geral, exigindo dos governos
uma gestão mais eficaz e consistente dos recursos disponibilizados à população.
Temos todos a consciência que, juntamente com segurança e
transporte, estas são as maiores agruras do povo brasileiro. Ninguém pediu nas
ruas um plebiscito.
Vejam os exemplos recentemente divulgados de ranqueamento. O
Brasil ficou em penúltimo lugar em um ranking global de educação que comparou
40 países levando em conta notas de testes e qualidade de professores, dentre
outros fatores.
Além da qualidade, com certeza a falta de recursos contribui
definitivamente para tanto. Por isso ganha corpo a defesa de investimentos da
ordem de 10% do PIB, algo como R$ 490 bilhões em 2013 bem acima dos previstos
R$ 300 bilhões.
O mesmo patamar de aplicações, embora sobre as receitas da
União, e não sobre o PIB, também é reivindicado pelos que pedem “hospitais
padrão Fifa”. A parcela atual (R$ 79 bilhões) não chega a 7%. Como a arrecadação
deste ano deve ultrapassar R$ 1,2 trilhão, os 10% representariam inversões de
mais R$ 41 bilhões ao orçado.
O gerenciamento eficiente deste volume expressivo de
recursos permitiria abandonarmos a 72ª posição no ranking da Organização
Mundial de Saúde (OMS) de investimento em saúde. Segundo os números mais
recentes, o desempenho brasileiro é 40% inferior à média internacional (US$
517). A liderança do ranking de 193 países pertence à Noruega e a Mônaco, cujas
despesas anuais (US$ 6,2 mil por habitante) são vinte vezes maiores do que as
brasileiras. Na América do Sul, o Brasil está em situação pior do que
Argentina, Uruguai e Chile.
O alardeado “padrão Fifa” que também será exigido no próximo
ano nas cidades brasileiras que sediarão
a Copa do Mundo, se tornou uma espécie de ISO 9000, um selo de qualidade para
produtos e serviços. Este selo também queremos para nós todos. Queremos
qualidade nos principais quesitos da preocupação e angústia populares. Queremos
um Brasil “padrão Fifa”! (Vilson Romero)
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