O CIPOAL DA REFORMA POLÍTICA
Enquanto a reforma tributária, uma das mais importantes para
o país, não avança, a não ser através de remendos pontuais, como a perenização
da desoneração da folha, a outra mudança primordial se arrasta no Congresso há
mais de duas décadas: a reforma política.
O cipoal legiferante sobre o tema abrange desde o Código
Eleitoral (Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965), a Lei dos Partidos Políticos
(Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995) até a Lei das Eleições (Lei nº 9.504,
de 30 de setembro de 1997), incluindo também alteração na Lei nº 9.709, de 18
de novembro de 1998. E outros quetais.
A reeleita mandatária elegeu esta mudança como prioritária
em seu segundo mandato, mas parece que “não combinou com os russos”. Se no
primeiro mandato, onde sua influência superava os 70% nas duas casas
congressuais, o assunto não avançou, será que agora vai? Mesmo com a redução
expressiva da base de apoio? Veremos!
A comunidade formadora de opinião conflui para o pensamento
de que é necessária uma refundação do sistema político-partidário, mas há
precários consensos.
A corrupção que campeia na Nação tem como seu “ovo da
serpente” a atual forma de financiamento das campanhas eleitorais, além do
loteamento indiscriminado de cargos nas administrações direta e indireta
(principalmente).
Só tomando como exemplo o RS: intriga a muitos eleitores,
numa análise crassa e leiga, que candidatos gastem nas eleições proporcionais
entre seis e dez milhões de reais, se ao longo de quatro anos de mandato,
receberão de subsídio menos de um terço disto? É simplista e grosseira esta
análise, mas cheira mal.
No momento, há pelo menos quatro propostas de reforma
política em discussão no Congresso e na sociedade: a do grupo de trabalho na
Câmara, que reuniu 18 deputados de diversos partidos; a do Movimento de Combate
à Corrupção Eleitoral (MCCE), com apoio da OAB e da CNBB; a do PT, com apoio da
CUT; e a da presidente da República que desde logo defende um plebiscito sobre
o assunto.
Começa por aí a cizânia: será que estamos preparados, nós
cidadãos comuns, leigos no assunto para opinar sobre financiamento de
campanhas, sistema eleitoral, suplência de senadores, coligações partidárias,
reeleição e voto secreto?
Sinceramente, por mais campanhas de esclarecimento que se
façam, acho que não. Este papel de “debulhar” os diversos aspectos das mudanças
políticas, cabe sim ao Congresso Nacional. E depois, quando adequadamente
formatada a reforma, expliquem os senhores parlamentares o que fizeram e nós,
então. poderemos referendar ou não o apresentado.
Mesmo assim, o conjunto de interesses envolvidos é demasiado
e o caminho a ser trilhado é muito tortuoso até que, efetivamente, tenhamos um
melhor e mais adequado sistema político-partidário no Brasil.
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