REFORMA POLÍTICA: AGORA VAI?
Um dos temas mais espinhosos no que diz respeito à refundação
necessária do sistema político-partidário é o financiamento das milionárias
campanhas eleitorais.
A corrupção que enlameia todos os cantos da Nação brasileira, com maior
visibilidade no caso do “Petrolão”, tem nesta relação promíscua seu “ovo da
serpente” .
Para demonstrar que não há consenso nesta matéria, foram entrevistados
os atuais integrantes da bancada de deputados federais do RS. Dos 31, 26 responderam
a inúmeros quesitos apresentados na pesquisa. 73% deles afirmaram ser
favoráveis ao fim da doação eleitoral de empresas. Não se sabe se somente “para
inglês ver” ou se ainda depende dos encaminhamentos das lideranças partidárias.
Como novamente nesta semana foi instalada uma Comissão de Reforma
Política no Congresso Nacional, tendo como presidente o deputado Rodrigo Maia
(DEM-RJ) e relator Marcelo Castro (PMDB-PI), o assunto vai estar martelando na mídia
nos próximos meses.
Tema hermético para a maioria da população, ainda assim extremante
importante para que tenhamos uma efetiva e transparente representação popular
nas casas legislativas das três esferas de governo.
O debate vai girar em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
352/13, fruto de trabalho anterior de uma outra Comissão que teve como relator
Cândido Vacarezza (PT-SP). Nesse texto, o grupo de trabalho propôs, entre
outros assuntos, terminar com a reeleição do presidente da República, dos
governadores e prefeitos, tornar o voto facultativo e modificar as regras das
coligações eleitorais, com o fim da obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, municipal ou distrital.
Um sistema político-partidário-eleitoral de fácil entendimento, com
clareza e firmeza nos programas partidários, bem como relações transparentes
entre políticos e sociedades, sejam eleitores ou financiadores de campanha, são
desafios desta nova Comissão que reúne 68 parlamentares entre titulares e
suplentes.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já adiantou sua
posição contrária ao financiamento público das campanhas e à lista partidária
fechada, também em debate na Casa.
Mas, como a Comissão terá 40 sessões para analisar emendas, promover
debates e apresentar seu relatório, auguramos que algumas mudanças já estejam aprovadas
em setembro próximo, prazo limite para serem aplicadas às eleições municipais
do próximo ano.
Reforma política, talvez a mãe de todas as reformas: será que agora
vai? (Vilson Romero)
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