UMA DERROTA DE R$ 32 BILHÕES
Sua
Excelência, o sr. Michel Miguel Elias Temer Lulia se livrou desta. Foi mais uma vitória
resultado da articulação da base governista. Houve algumas defecções mas passou
pouco de uma dezena.O plenário da Câmara dos Deputados derrubou, pela segunda
vez, o prosseguimento de uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da
República (PGR) contra o presidente da República. O placar da acusação por
obstrução da Justiça e organização criminosa foi mais apertado para o
peemedebista do que o da primeira denúncia, por corrupção passiva, derrubada em
agosto passado.Temer recebeu o apoio de 251 deputados federais, com 233 votos
contrários.
Já foi cantado em prosa e verso na mídia
nacional que esta vitória tem um custo para os cofres públicos, portanto para a
Nação brasileira, que pode chegar a R$ 32,1 bilhões. Essa é a soma de diversas
concessões e medidas negociadas com deputados federais entre junho e outubro,
desde que Temer foi denunciado pela primeira vez, por corrupção passiva, até a segunda
votação, pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça.O preço
para impedir o prosseguimento das denúncias supera em R$ 6 bilhões os recursos
previstos por Temer para pagar parcelas de 14 milhões de famílias beneficiárias
do Bolsa Família ao longo de 2018, para cujo orçamento foram destinados R$ 26
bilhões. Supera também o custo total de construção da Usina Hidrelétrica Belo
Monte, atualmente estimado em R$ 30 bilhões.
O Planalto ainda empenhou R$ 4,2 bilhões de
emendas parlamentares individuais de deputados, que têm execução obrigatória
desde 2015. Como o ritmo de liberações é definido pelo governo, foi também uma
das armas utilizadas para impedir a investigação sobre a primeira denúncia. Se
fossem consideradas, a conta subiria para R$ 36,3 bilhões.
Impopular, o governo recuou da liberação da
exploração de minério na Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), na
Amazônia, depois de mobilização internacional contrária. Agora decidiu dar
descontos de 60% em multas ambientais e transformar os pagamentos em
compromissos de gastos dos entes privados com reflorestamento e conservação do
ambiente. A medida pode tirar dos cofres mais de R$ 2,7 bilhões.
Além disto, governo sinaliza com o apoio a
tentativas congressuais de criar algum tipo de contribuição para o custeio dos
sindicatos.
O governo não irá mais privatizar o Aeroporto
de Congonhas (SP), cujo leilão poderia arrecadar R$ 6 bilhões. O Planalto fez
concessões em programas de parcelamento de dívidas para empresários e
produtores rurais, e em atos de interesse de bancadas temáticas como a dos
ruralistas, que tem 214 deputados em exercício e poderia, sozinha, garantir a
salvação do mandato do peemedebista.
Os ruralistas já haviam recebido um pacote de
descontos nas alíquotas de contribuição para o Fundo de Assistência ao
Trabalhador Rural (Funrural), usado para custear aposentadorias, e condições
mais benéficas para quitar dívidas com o fundo, cujo prazo de adesão foi
postergado para novembro. Até agora, o governo não recorreu de um projeto de
resolução do Senado que anistiou um passivo de R$ 17 bilhões não pagos ao
Funrural.
O presidente também sancionou um novo Refis,
deixando de arrecadar R$ 4 bilhões. Isto sem falar nos milhares de cargos que
enchem as páginas do Diário Oficial todo o dia. Se formos avaliar toda esta
conjuntura, na realidade, não houve uma vitória, mas uma fragorosa derrota da
Nação brasileira para a corrupção. Lamentável! (Vilson Romero)
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