A ADUANA FICA
Em 1934, na Direção Geral da Fazenda Nacional, havia uma
Diretoria de Rendas Aduaneiras, depois Departamento.
De lá pra cá, foram muitas as mudanças estruturais e
regimentais, mas as atividades aduaneiras permaneceram no âmbito da Receita
Federal do Brasil (RFB), protegendo a sociedade e o interesse público dentro da
tendência mundial de fortalecer a área alfandegária.
Hoje, em mais de 150 países, a Aduana está vinculada a
ministérios da Fazenda ou Finanças, com o claro propósito de integrar
informações de natureza fiscal, com foco em tributos.
A aduana ampliou seu espectro de atuação, deixando de
analisar somente mercadorias para atuar sobre operações de comércio, seguindo
uma tendência crescente no mundo inteiro. Grandes fraudes começaram a ser
identificadas, justamente por este novo enfoque nas atividades aduaneiras. O
fusionamento das aduanas com as administrações tributárias é que proporciona,
pelo acesso a informações fiscais, uma maior eficácia da aduana e das aduanas,
no combate aos crimes comerciais.
Pois o governo federal colocou mais um “bode na sala”
revelando, não se sabe atendendo a que interesses, que está propenso a retirar
da RFB a responsabilidade pela administração da Aduana, criando um órgão com
carreira específica no setor público. A proposta, em debate nos ministérios do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e da Fazenda, objetiva,
segundo as fontes oficiais, fortalecer o serviço de filtragem de bens que
entram no país e deixar a Receita focada apenas em arrecadação.
Ao invés de investir na modernização e na resolução das
carências de recursos humanos e logísticos, parece que o Palácio do Planalto
aposta num retrocesso, com graves perdas para a sociedade.
É óbvio que o desempenho das atividades na zona primária,
aprimorado de forma acentuada, nos últimos anos, incomoda muita gente. A Aduana
brasileira tem revelado grandes fraudes internacionais, desmontado esquemas de
contrabando e feito seguidas e expressivas apreensões.
Retirar a RFB do controle aduaneiro serve somente ao
propósito de liberar fluxo de mercadorias, sem intervenção ou com o mínimo de
intervenção do Estado, ou de subordinar este controle à interferência direta
dos setores econômicos interessados. Não é a toa que a proposta é de levar este
controle para um ministério setorial, ou seja, um ministério que existe para
atender o interesse de um determinado setor.
As concepções mais modernas de aduana, no entanto, estão
vinculadas ao controle que o Estado deve exercer sobre o objeto "comércio
internacional", em benefício da sociedade como um todo. A aduana
brasileira tem implementado ações neste sentido. Exemplo: as grandes apreensões
de lixo, de droga, de produtos contrafeitos, etc. Grandes operações especiais que
resultaram em muitas prisões, inclusive, aconteceram justamente pelo enfoque
integral que a aduana brasileira passou a adotar. Tivemos as operações Dilúvio,
Persona, Narciso, etc, entre as mais destacadas nos últimos tempos com bilhões
de reais recuperados aos cofres públicos.
O que falta à Aduana brasileira é investimento. Parece que
existe um projeto de desmonte proposital, recrudescendo a dificuldade para a
realização de operações de repressão, com evidente abandono das fronteiras,
escassez de recursos materiais e humanos, péssimas instalações e falta de
condição de trabalho. Com que objetivo? Pode-se concluir que o objetivo seria
mostrar à opinião pública uma RFB ineficiente para cumprir a sua missão na área
aduaneira, justificando a sua separação do órgão.
A manutenção da Aduana na RFB contribui decisivamente para a
defesa da indústria brasileira da concorrência desleal de produtos contrafeitos
e contrabandeados, permitindo a continuada inserção do Brasil na comunidade
internacional. A Aduana - um órgão notoriamente eficiente, apesar dos poucos
recursos que recebe – é um órgão de Estado, não a serviço deste ou daquele
governo. Poristo deve seguir onde está. A Aduana deve ficar na RFB, pois é onde
cumpre seu papel institucional. A Aduana é da sociedade! (Vilson Antonio Romero)
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