A IMPRENSA É O ALVO
"A sobrevivência dos profissionais e veículos de comunicação
na América Latina anda nada fácil. A constatação, reiteradamente externada
pelas entidades em defesa do livre exercício da profissão e da liberdade de
imprensa, também foi referendada em relatório pela Sociedade Interamericana de
Imprensa (SIP), ao cabo de sua 68ª Assembleia Geral, realizada em São Paulo, no
mês de outubro.
Traçando um mapa dos ataques a jornais, revistas, tevês,
rádios, mídia eletrônica, mas acima de tudo aos indivíduos que buscam informar
à população, a SIP revela que a imprensa segue sendo alvo preferido de
políticos e criminosos, de governos, cidadãos e instituições descontentes com
sua atuação.
No território argentino, o conflito é flagrante desde a
posse dos Kirchner na Casa Rosada. Além da legislação que restringe a atuação
de grupos de mídia opositores, a imprensa enfrenta uma série de resoluções
governamentais, manobras judiciais e ameaças por parte de funcionários
públicos.
Na Bolívia de Evo Morales, uma lei tenta controlar o
trabalho jornalístico e buscar a sanção e o fechamento dos meios. Ameaças
contra pequenos meios de comunicação no interior da Colômbia continuam com
força e participação dos revolucionários das Farc.
Na ilha dos irmãos Castro, há absoluta repressão contra as
liberdades individuais de imprensa e expressão. O presidente equatoriano Rafael
Correa vive à turras com a mídia, tomando seguidas decisões que atentam contra
a atuação dos jornalistas.
Em Honduras, o ambiente negativo inclui ameaças freqüentes contra
comunicadores e atos de intimidação a vários meios. No inferno
latino-americano, os jornalistas mexicanos perdem a vida a todo o momento, no
conflito com narcotraficantes.
A intimidação a profissionais por grupos políticos através
das redes sociais e panfletos também é denunciado pela SIP no Peru. Na terra de
Hugo Chávez, a intolerância chega a níveis extremos, com acusações, agressões e
difamações constantes.
Cá na nossa terra, apesar da liberdade professada e
defendida pelo governo central, um sem-número de decisões judiciais proíbe
previamente a divulgação de informação ou ameaça veículos e jornalistas com
indenizações milionárias. Nos períodos pré-eleitorais, a situação se agrava,
com o recrudescimento de ataques, agressões, ameaças e processos.
Mas o pior é a constatação do aumento das mortes de
profissionais no exercício da profissão. Com o assassinato do radialista
Edmilson de Souza, em 28 de outubro, na cidade sergipana de Itabaiana, o Brasil
atinge o topo de um ranking indesejado no continente americano. É o país com
mais mortes de jornalistas por motivos confirmados relacionados à profissão em
2012. À perda de Souza, somam-se os casos de Luis Henrique Georges (MS),
Laércio de Souza (BA), Mario Randolfo Marques Lopes (RJ), Paulo Roberto Cardoso
Rodrigues (MS), Onei de Moura (PR), Divino Aparecido Carvalho (PR), Décio Sá
(MA) e Valério Luiz de Oliveira (GO).
Medidas mais incisivas têm sido infrutiferamente
reivindicadas, como a federalização dos crimes contra a imprensa ou a
instituição de um observatório que auxilie no combate à impunidade, mas o
quadro continua dramático. Tanto aqui quanto na maioria dos países da América
Latina... Tá difícil informar à população!" (Vilson Antonio Romero)
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