A DESBUROCRATIZAÇÃO PREVIDENCIÁRIA E TRABALHISTA
A partir do próximo ano, grande parte das empresas brasileiras irá
deixar de apresentar inúmeras declarações ao governo federal, substituindo-as
por um único sistema.
Desenvolvido conjuntamente pela Caixa Econômica Federal (CEF), pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
pelo Ministério da Previdência Social (MPS), pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) e pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), o Sistema
de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas
(eSocial) traz mudanças profundas na relação empresa – trabalhador - poder
público.
A implementação desta nova ferramenta, apesar de críticas que têm
recebido de alguns setores empresariais, objetiva viabilizar a garantia de
direitos previdenciários e trabalhistas, simplificar o cumprimento das chamadas
obrigações acessórias e melhorar a qualidade de informações sobre as relações
de trabalho.
Neste ambiente exclusivamente digital, inicialmente as grandes empresas
(regime de lucro real, com faturamento maior do que R$ 48 milhões) terão de se
adequar, obrigatoriamente, implantando a folha de pagamento digital, numa
formatação uniforme.
Através do portal do eSocial deverão informar todos os eventos como
cadastramento de trabalhadores, admissão, demissão, afastamento, aviso prévio,
férias, comunicação de acidente de trabalho, mudança de salário, obrigações de
medicina do trabalho, folha de pagamento, ações judiciais trabalhistas,
retenções de contribuições previdenciárias, imposto de renda retido na fonte e
detalhes sobre o FGTS.
Em síntese, o governo federal almeja reduzir a burocracia para as
empresas e, por outro lado, aumentar o controle e otimizar a fiscalização das
obrigações fiscais, tributárias, previdenciárias e trabalhistas.
Nove obrigações acessórias ou declarações mensais e/ou anuais
apresentadas pelas empresas para diversos órgãos (como o Caged, a Rais, o
Manad, a Dirf e a Gfip) serão substituídas por um único envio, diretamente para
o sistema do eSocial.
As informações ficarão armazenadas no ambiente nacional do eSocial,
possibilitando que todos os órgãos envolvidos no projeto tenham acesso a elas.
Mas preocupa o fato de que, embora algumas empresas já tenham iniciado
projetos de adequação às novas regras, integrando projetos pilotos, a maioria
ainda não tomou quaisquer providências
neste sentido . De acordo com uma pesquisa da RFB, 70% das empresas não
possuíam, no final de 2013, um projeto interno ou profissionais dedicados à
adequação ao eSocial.
Portanto, urge que empresários, contadores e, inclusive, os novos
especialistas em “compliance” que começam a ganhar espaço na hierarquia das
empresas brasileiras, se organizem.
Devem logicamente revisar seus processos internos à luz da legislação vigente
para garantir que não haja falhas e incorreções, incluindo estabelecimento de
“workflows” com cronograma de informações sobre eventos como admissões,
rescisões, avisos de férias, recebimento de notas etc.
E, como os prazos são inexoráveis, numa mudança cultural sem
precedentes, devem instrumentalizar os diversos setores envolvidos no sentido
de que processos de RH sejam o mais automatizados possível.
Como estarão envolvidos setores administrativos, de recursos humanos,
financeiro, contábil e jurídico, entre
outros, numa evidente tranversalidade dentro da organização em razão deste novo
sistema, a empresa deverá adotar uma nova postura de integração e interação,
sob pena de sofrer percalços na implementação do novo sistema.
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