ALERTA AO PLANALTO
Lamentavelmente,
parece que o olhar do Palácio do Planalto para as manifestações deste março foi
meio enviesado.
Além do discurso sectário de colocar de um
lado os “nossos eleitores” e, de outro, os que “não votaram em nós”, os
“excluídos” contra os “bem nascidos”, a questão e a conjuntura prescindem de
uma análise mais profunda.
Assim como
muitos manifestantes que saíram às ruas em favor ou contra o governo nos últimos
dias pouco sabiam para e por que estavam lá, os gestores nacionais responderam
aos manifestantes e críticos com perspectivas de soluções que não vão minorar
as angústias da sociedade. As nossas angústias.
A sociedade
brada contra a corrupção, mas está indignada com a falta de horizontes. Não
adianta anunciarem para breve mais instrumentos de combate às piores práticas
na gestão dos recursos públicos.
Queremos
saber como não seremos atingidos por uma inflação de oito por cento ou mais. As
ruas mostraram cartazes e faixas contra a presidente, mas queremos saber por
que fomos tungados pelo aumento de mais de 50% nas contas de energia elétrica e
mais de 20% na bomba do combustível. Como vamos fazer o salário cada dia mais
curto chegar ao final do mês cada vez mais longo?
Não adianta
prometer lutar pela proposta de reforma política quando se sabe que a a cada
mês surgem novas comissões e propostas no Congresso Nacional sobre um tema cujo
debate inglório se arrasta há décadas.
Mesmo assim,
qualquer decisão neste sentido, com ou sem financiamento público de campanha,
não vai reduzir o nível de desemprego que já atinge patamares preocupantes. Não
é o fato de o Congresso aprovar listas fechadas ou abertas de candidatos que
fará o PIB crescer e os investimentos retornarem com força total.
Não é
criminalizando com mais severidade os gestores públicos que vai baixar o dólar,
que as taxas de juros deixarão de ser escorchantes. Talvez, um sinal de boa
vontade do Planalto seria a redução pela metade dos 39 ministérios, cabides de
emprego de quase 30 mil cargos em comissão, apaniguados e simpatizantes do
Poder da hora. Mas cortar na própria carne não querem. Pimenta nos olhos
alheios é colírio...
Os cidadãos
clamam por soluções imediatas que não sejam pura e simplesmente reduzir e cortar
pensões por morte de trabalhadores e servidores, aumentar exigências para o
seguro-desemprego ou onerar empresários quadruplicando as alíquotas da
desoneração da folha. Queremos mais governo e menos aparelhamento do Estado.
Queremos que o Planalto se aproxime do povo e veja que as medidas paliativas
deixam claro quão distantes estão das ruas. Que este março de 2015 – 30 anos
após a redemocratização do País - sirva de alerta ao Planalto! (Vilson Romero)
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