A DRU E AS POLÍTICAS SOCIAIS
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 87/2015, encaminhada
ao Congresso Nacional pelo Palácio do Planalto, em 8 de julho do ano passado, e
apensada à PEC 4/2015, de autoria do hoje ministro das Comunicações, deputado
licenciado André Figueiredo (PDT/CE), se aprovada, deixa ao livre arbítrio da
União 30% dos recursos destinados às políticas sociais de transferência de
renda, em especial as ações do sistema de Seguridade Social (Saúde, Previdência
e Assistência Social).
A PEC, em tramitação numa Comissão Especial da Câmara dos
Deputados, mantém e prorroga até 2023 o mecanismo denominado Desvinculação das
Receitas da União (DRU), surgido em 1994, no governo Itamar Franco, como medida
de suporte ao Plano Real, sob a denominação de Fundo Social de Emergência (FSE)
que mais tarde se viu que pouco tinha de emergência e muito menos de social.
Era somente um instrumento de gestão governamental para
permitir que recursos das contribuições sociais, exceto as previdenciárias
incidentes sobre a folha de pagamento, pudessem ser desviados para outros
objetivos como a obtenção de superávit primário nas contas públicas e correspondentes
pagamento e amortização da dívida pública federal.
Em 1996, já no governo de Fernando
Henrique Cardoso, a desvinculação foi estendida até 1999, por meio da Emenda
Constitucional nº 10, e recebeu a denominação de Fundo de Estabilização Fiscal
(FEF).
Com o fim de sua vigência, a
Emenda Constitucional nº 27/2000 novamente prorrogou sua aplicação, já com o
nome de Desvinculação das Receitas da União (DRU).
Desde então, a DRU vendo tendo
sua vigência renovada consecutiva e sistematicamente por todos os governos, com
as Emendas Constitucionais nº 42/2003 e 56/2007, no governo Luis Inácio Lula da
Silva, e a nº 68/11, no governo Dilma Roussef, cujo prazo de vigência
encerrou-se em dezembro de 2015.
Já são 21 anos, mais de duas
décadas e quatro governos, liberais e/ou progressistas, mas com a mesma
prática, em que os recursos públicos destinados à sociedade são desviados de
sua finalidade constitucional.
Se prosperar e for aprovada por
dois terços dos parlamentares em dois turnos nas duas Casas do Congresso
Nacional, a Proposta de Emenda Constitucional elevará em 50% o percentual de
retenção permitido e passará a vigorar até o final de 2023, como pretende o
governo.
Com isto, só em 2016 mais de R$
118 bilhões de tributos como a Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (Cofins) , a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o
PIS/Pasep, serão retirados de ações voltadas aos mais necessitados, ao atendimento
médico-hospitalar-ambulatorial e aos programas de transferência de renda como
seguro-desemprego e bolsa-família.
Apenas em 2014, o mecanismo em
vigor surrupiou do Orçamento da Seguridade Social R$ 63,1 bilhões.
Nos últimos três anos, quando o
percentual era de 20%, foram quase R$ 200 bilhões que deixaram de ser aplicados
em ações das áreas da Saúde, Previdência e Assistência Social.
Fica o alerta aos parlamentares federais,
deputados e senadores, para que não deixem prosperar mais este saque que atenta
contra a cidadania e coloca em risco os programas que minimizam as mazelas por
que passa grande parcela da população brasileira
2016 começa com mais esta grande
preocupação nos corredores do Congresso! (Vilson Romero)
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