O QUE TEMER DE TEMER?
Neste vôo turbulento da aeronave Brasil, o piloto foi substituído.
Agora atende pelo nome de Michel Miguel Elias Temer Lulia, aliás Michel Temer,
advogado, escritor e político.
Aos 75 anos, este filho da cidade de Tietê, da região metropolitana de
Sorocaba, marido de Marcela, pai de Luciana – do primeiro casamento – e de
Michelzinho, assume, no mínimo por seis meses, o manche da Nação tumultuada,
com descontrole nas contas públicas, inflação galopante, taxa de juros nas
nuvens, desemprego traumatizante, economia em queda livre e carga tributária
paquidérmica.
A sociedade aguarda ansiosa por novas posturas e por medidas proativas
importantes que alterem o “animus” dos cidadãos, contribuintes, empregadores, trabalhadores,
aposentados, desempregados, o Brasil em geral. O empresariado cobra novos
horizontes. O mercado augura sinalizações e providências. O brasileiro procura
enxergar “o túnel”.
Os balões de ensaio foram plantados ou urdidos ao longo dos últimos
dias. Uma carta foi divulgada, meio patética e medíocre, reclamando e mendigando
atenção e participação nos atos palacianos. O pior foi o áudio de um discurso,
vazado nas redes sociais, de manifestações ensaiadas de alguém que senta
antecipadamente numa cadeira ainda não sua.
Muita infantilidade acidental ou proposital de um político escolado, na
vida pública desde o início da década de 80, já tendo sido presidente da Câmara
dos Deputados em três oportunidades, entre inúmeros outros cargos públicos.
Algumas questões já preocupam e nos faz temer o que virá da equipe
Temer: a primeira é a própria equipe. Ao
invés de se cercar de brasileiros notáveis, buscando um ministério de
excelência, o que tem sido noticiado nos mostra que o futuro presidente estará
cercado de cidadãos notórios. Mas notórios investigados ou denunciados nos infindáveis
escândalos de corrupção que assolam a Terra Brasilis, entre elas a Operação
Lava-Jato. Aqui já nos cabe bradar a máxima que atribuem ao imperador Júlio
César, por volta dos anos 60 a.C. em Roma: “Não basta que a mulher de César
seja honrada, é preciso que sequer seja suspeita”. Ou talvez um outro dito
popular: “diz-me com quem andas que te direi quem és”.
A equipe anunciada até agora já desmorona a esperança de credibilidade,
confiabilidade e honradez necessárias a um governo forte e credenciado a
retomar a marcha do crescimento.
Por outro lado, o pretendido enxugamento da máquina pública, tão
necessário, sofre de refluxos, na razão direta da amplitude da anunciada base
de apoio que chega a mais de 20 siglas partidárias. Dificilmente veremos a
atual e obesa estrutura administrativa de 32 ministérios e 22 mil cargos em
comissão ser reduzida a um conjunto efetivamente enxuto. Só para comparar, os
EUA e a Alemanha têm menos de 20 ministérios cada.
Por aí iniciam as nossas temeridades do que virá de um governo Temer.
Além disto, as medidas serão e devem ser amargas, caindo no colo e no bolso da
classe média, dos aposentados do INSS e dos servidores públicos, e ao fim e ao
cabo, da população em geral.
Redundarão em mais arrocho, mais aperto e a conta sendo cobrada de quem
tem sido sempre chamado a contribuir: o assalariado, o consumidor, o
contribuinte, ao invés de serem taxados com maior justiça fiscal o rentista, o
capitalista e o especulador.
Questões como a retomada gradual da
economia, a transparência e o equilíbrio no sistema previdenciário, a contenção
da espiral inflacionária, a independência do Banco Central, a ampliação do
crédito, a queda na taxa de juros e a remotivação do brasileiro em torno de seu
governo central deverão ser buscadas. Mas quiçá o conjunto da obra seja melhor
encaminhado para que, ao invés de nos fazer temer o governo Temer, possamos
saudar os novos tempos de um Brasil melhor para todos.
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