PREVIDÊNCIA, 94 ANOS
Ao completar, neste 24 de janeiro, 94 anos no território brasileiro, a
previdência social, maior programa de redistribuição de renda da América
Latina, volta a ser ameaçada por mudanças que podem afetar as economias das
pequenas e médias comunidades e a vida de trabalhadores e aposentados.
O governo federal enviou ao Congresso Nacional em
dezembro passado a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287/2016, com uma
série de alterações, entre elas:
- Fixação da idade
mínima de 65 anos para os servidores públicos e iniciativa privada, sem
distinção de categorias ou gênero;
- Extensão do teto
do Regime Geral de Previdência Social (INSS) a todos os servidores, com prazo
de dois anos para implantação de previdência complementar;
- Extinção da
aposentadoria por tempo de contribuição e por idade, transformando ambas em
aposentadoria voluntária, por idade, com carência de 25 anos;
- Eliminação das
aposentadorias especiais de policiais e professores do ensino fundamental; e
- Proibição de
acumulação de aposentadoria e pensão por morte;
Pois esta intenção reformista se repete, mais amiúde nas últimas
décadas, desde a Lei Eloy Chaves, de 1923, marco inicial da história do seguro
social brasileiro, que criou a Caixa de Aposentadorias e Pensões para
ferroviários.
Daquela época para cá, a previdência se tornou o maior instrumento estatal
anti- desigualdade, beneficiando hoje mais de 32 milhões de brasileiros que
mantêm outros milhões de cidadãos e movimentam a economia de mais de 80% dos
municípios.
Na PEC, o governo altera este grande amortecedor das mazelas sociais,
atendendo ao clamor do “Senhor Mercado” e tendo como paradigma a “ditadura
demográfica”, da mudança da pirâmide etária, com base em nações desenvolvidas como
as escandinavas ou, mais amplamente, os países membros da União Europeia.
Sem apresentar medidas de ajuste pelo lado das receitas, como redução
das isenções e renúncias previdenciárias, melhora dos serviços de fiscalização,
agilidade na cobrança da dívida ativa previdenciária e reequilíbrio do
financiamento do sistema rural, o governo foca na redução das aposentadorias,
na restrição das pensões e no aniquilamento da assistência social, devida a
idosos e deficientes.
Seguimos reafirmando e atestando que, ao integrar a Seguridade Social,
as áreas de previdência, saúde e assistência social estão cobertas por
orçamentos superavitários. O que não pode é seguirem retirando recursos dos
programas sociais para bancar juros e
amortização da paquidérmica dívida pública.
Esta é a previdência nonagenária que vai estar na boca do povo, nas
mobilizações de rua e nos debates nos corredores do Congresso em 2017. Longa
vida à Previdência, nos seus 94 anos! (Vilson Romero)
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