JOVENS HÁ MAIS TEMPO PREOCUPAM
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) já antecipava no final
de 2012 as mudanças no perfil demográfico global, com reflexos na elevação da
expectativa de vida em muitas nações. Fenômeno mais perceptível nos países
emergentes, onde hoje vive 66% da população com mais de 60 anos. O cenário
perscrutável aponta para uma proporção de quase 80% de sexagenários em 2050.
Há 13 anos, em 2000, a população idosa do planeta superou pela primeira
vez o número de crianças com menos de cinco anos. Apesar de comemorável a
melhora na expectativa de vida, acende-se a luz de alerta, em razão de alguns
riscos sócio-economicos decorrentes desta mudança na pirâmide etária.
O IBGE, ao anunciar no final de agosto, que superamos a marca de 200
milhões de habitantes, referendou o prenúncio do UNFPA.
A expectativa de vida ao nascer do brasileiro atingiu 71,2 anos para
homens e 74,8 anos para mulheres em 2013. Em 2041 essa idade chegará aos 80
anos. A taxa de mortalidade caiu para 6,04% em 2013.
Na outra ponta, a da fecundidade, o sinal também é vermelho: o número
médio de filhos por mulher chegou a 1,77 filho por mãe, agora em 2013. Em 2020
essa taxa diminuirá para 1,61 e cairá ainda mais em 2030, chegando a 1,5 filho
por mulher.
O ministro da Previdência Social repercutiu o cenário: “O crescimento
da expectativa de vida e o recuo na taxa de fecundidade, anunciados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aumentam o tamanho do
nosso desafio”, disse Garibaldi Alves em
Congresso de Direito Previdenciário, realizado em Natal (RN) no final de agosto.
Ele observou que esta realidade constatada pelo instituto de
estatísticas exigirá um esforço maior, pois a tendência é que o desequilíbrio
nas contas previdenciárias se eleve.
Com a previsão de que o número de idosos triplique até 2050 – passando
de 21 milhões para 64 milhões, a proporção de pessoas mais velhas no total da
população brasileira passaria de 10%, em 2012, para 29%, em 2050.
Por conseguinte, a demanda por condições de vida mais adequadas, por
melhores estruturas de atendimento médico-assistencial, por mais verbas para
aposentadorias e pensões exigirão posturas mais agressivas e mais recursos
orçamentários dos governos na busca de atendimento a esta parcela importante da
sociedade.
A relação entre o segmento da população que trabalha e o que é
sustentado também vai ser alterada substancialmente. Hoje, para cada 100 indivíduos
em idade produtiva, existem 46 dependentes. Em 2060, deve passar para 66 o número
de sustentados. Entre eles, mais de um quinto será de idosos.
Como lí em uma coluna de jornal dia destes: “E dizer que em 1970 a letra da música que embalou a seleção canarinho
que ganhou a Copa do Mundo daquele ano começava com ´noventa milhões em ação/salve
a seleção´. O planeta atingiu a marca de
um bilhão em 1800, segundo dados da ONU. O segundo bilhão foi em 1930; em 1950,
a população mundial já era de 2,5 bilhões; em 1960 éramos três bilhões, seis em
2000, sete no ano passado, 75% vivendo em países do terceiro mundo. Não é
preciso ser nenhum Nostradamus para profetizar o que virá pela frente.”
Como se constata, a população mundial
e a brasileira, em especial, cresce cada vez menos, mas envelhece e vive
mais. Os jovens há mais tempo, com
certeza, preocupam...
Quiçá fosse como dizia o escritor irlandês Jonathan Swift: “Todo mundo
quer viver muito tempo, mas ninguém quer ficar velho.” (Vilson Romero)
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