96 ANOS DA PREVIDÊNCIA DE TODOS NÓS
Num recente vídeo institucional que saúda os 96 anos de existência
oficial da Previdência Social brasileira (o marco inicial é a Lei Eloi Chaves,
de 24 de janeiro de 1923), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mostra
que está em todos os rincões do Brasil, seja no agreste nordestino, nas margens
amazônicas, na campanha gaúcha, na selva de pedra paulistana ou perto das
praias cariocas.
Por trás da autarquia que administra o Regime Geral de Previdência
Social (RGPS) , há milhares de funcionários que atendem a massa trabalhadora
formal de quase 90 milhões de brasileiros e mantém religiosamente os pagamentos
a mais de 34 milhões de beneficiários, aposentados e pensionistas.
Pois esta grande parcela da população brasileira, mais o universo de
cerca de 10 milhões de servidores públicos civis e militares, ativos e
aposentados ou reservistas (no caso militar), está em polvorosa desde 2016 e,
mais ainda, no início do atual governo.
A previdência, em quase um século de existência, consolidou-se como o
maior instrumento estatal antidesigualdade, ao beneficiar hoje direta e
indiretamente quase 60% da população brasileira e manter e movimentar a
economia de mais de 80% dos municípios.
Mesmo assim, o Senhor Mercado mantem seu olhar de cobiça sobre os
bolsos dos trabalhadores. Está na raiz disto tudo a anunciada capitalização
compulsória pretendida pelo atual governo que ao contrário do que prova a
história, teima em dizer que “a previdência é uma fábrica de desigualdades”.
Como comprovou a recente CPI da Previdência Social feita no Senado
Federal, há sim necessidade de mudanças profundas no seguro social brasileiro.
Mas o que recomenda o relatório da referida Comissão, aprovado por
unanimidade, inclusive com voto do líder do governo de então, é que antes que
sejam atingidos de forma radical os direitos e conquistas dos trabalhadores do
serviço público e da iniciativa privada, sejam tomadas medidas muito efetivas e
eficazes para conter desvios, fraudes, incentivos, sonegação e inadimplência. O
atual governo já editou uma medida provisória neste sentido que espera
recuperar em dois anos alguns bilhões surrupiados do sagrado dinheiro dos
aposentados. Mas é pouco, muito pouco.
Além da privatização, os anúncios preliminares e as especulações
apontam para a continuidade de tramitação e aproveitamento da Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) 287/2016.
Esta proposta, ainda do governo anterior, traz em seu cerne a extinção
das aposentadorias por tempo de contribuição e por idade, transformando-as em
aposentadoria voluntária, somente a partir dos 65 anos de idade, desde que o
trabalhador ou a trabalhadora, do campo ou da cidade, do serviço público ou da
iniciativa privada, tenha contribuído por 25 anos.
Além disto, pretende a extensão do teto do Regime Geral de Previdência
Social (INSS) a todos os servidores públicos, com prazo de dois anos para
implantação de previdência complementar; e proibição de acumulação de
aposentadoria e pensão por morte a partir de determinado valor.
Mas todos os anúncios somente falam em “rombo”, “rombo” e mais “rombo”.
Olvidam de mitigar as isenções e renúncias previdenciárias, de melhorar e
aperfeiçoar os serviços de fiscalização e combate à sonegação, de agilizar a
cobrança da mastodôntica dívida ativa previdenciária, de reequilibrar o
financiamento do sistema rural, entre outras providências.
Do Orçamento Geral da União de R$ 3,38 trilhões aprovado para 2019,
foram destinados R$ 637,9 bilhões para a Previdência Social, com todos os seus
efeitos redistributivos já mencionados. Porém para o refinanciamento da dívida
pública foram alocados R$ 758,7 bilhões (quase 20% a mais). E não se discute a
dívida pública que tem efeitos redistributivos somente para o mercado
financeiro.
Seguiremos debatendo este assunto, fundamental a cada um dos
brasileiros, pois como diz a campanha publicitária do INSS, a Previdência
Social é de todos nós e está em todos os lugares. Cuidado ao tentar mudá-la,
sem diálogo com a sociedade e as partes envolvidas!
Longa vida à Previdência Social, nos seus 96 anos! (Vilson Romero)
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