ATAQUES À LIBERDADE DE IMPRENSA
Novamente o ano encerra com notícias preocupantes para os profissionais
da comunicação social de todo o mundo e para as sociedades democráticas em
geral. Na França, a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), no balanço anual de ataques
à imprensa que faz desde 1995, revela que, em 2018, a violência contra
jornalistas aumentou em todo o mundo. De acordo com RSF, 80 profissionais de
imprensa (jornalistas e colaboradores) foram assassinados, outros 348 estão
presos e 60 são reféns. Considerando apenas os jornalistas, os assassinatos
cresceram 15% (63 contra 55 em 2017). Os casos do saudita Jamal Khashoggi,
colaborador do Washington Post, e do eslovaco Jan Kuciak, do site de notícias
Aktualitaty.sk, onde trabalhava com jornalismo de dados, ilustram outra
constatação importante do balanço: mais da metade das vítimas foram intencionalmente
assassinadas. O Afeganistão, com 15 ocorrências, foi o país mais mortífero,
seguido pela Síria (11) e o México (9), o mais perigoso entre as nações que não
estão em guerra.
Do outro lado do oceano, nos EUA, o Comitê para Proteção dos Jornalistas
(CPJ) denuncia que pelo menos 251 profissionais de imprensa estão encarcerados
em todo o mundo por acusações ligadas à sua atividade profissional, reforçando,
pelo terceiro ano consecutivo, o aumento da repressão à liberdade de imprensa.
A Turquia aparece como o país com o maior número de detenções, com 68
jornalistas presos. A China ocupa a segunda colocação, com 47, seguida pelo
Egito (25). Juntos, os três países são responsáveis por mais da metade de todas
as ocorrências. No Brasil, o CPJ registra apenas Paulo Cezar de Andrade Prado, do
Blog do Paulinho, preso desde 9 de novembro, em São Paulo (SP), por crime de
difamação contra o também jornalista Milton Neves. O Comitê, da mesma forma,
alerta para o número de prisões sem acusação. Na China, por exemplo, há pelo
menos dez profissionais nesta situação.
Como se percebe, há muito a ser feito, no Brasil e no mundo, para que o
artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos – esta septuagenária
senhora - se consolide. Vamos continuar professando e lutando pelos seus
ditames: “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e
expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões
e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e
independente de fronteiras”. Este é
o papel do profissional da comunicação social, na sua essência, e de suas
entidades de classe, na defesa da liberdade de imprensa. (Vilson Romero)
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